Hoje, 21/06/2014, acontece mais uma edição das infalíveis Sessões de Improviso. Encabeçada pelo time de feras da Propósito Records, é uma oportunidade e tanto pro desavisado situar-se sobre o que de relevante tem despontado nos quesitos criatividade e liberdade musical em Goiânia. Pra esclarecer do que se trata a coisa toda ssegue uma pequena entrevista com o responsável pela causa, Bruno Abdala, torcedor do CRAC de Catalão e xerife do levante que tem expandido os horizontes da música sem fórmula por aqui.
1. O que são as Sessões de Improviso e quais as vantagens/dificuldades de um processo autônomo pra produção de shows de música livre em Goiânia?
Cara, as Sessões de Improviso,
assim como a Propósito, são uma tentativa. A experiência do fazer na prática,
além de um pretexto pra reunir os amigos. Não tem nada relacionado ao improviso
jazzístico, até porque não tem nenhum jazzísta entre a gente, né?
O nome improviso tem mais a ver com a forma que tudo é feito. Da escolha do local que vai acontecer, passando pelo modo como conseguimos os equipamentos, até mesmo a divisão de "tarefas" entre as pessoas, tudo é feito da maneira mais simples possível. As vezes a pessoa tá ali, de canto, observando o que tá acontecendo em volta dela e no próximo minuto ela pode estar ali do lado da caixa de isopor dando uma força enquanto o outro vai tocar. Há quem diga que isso não é profissional, mas eu quero saber, quem vai ser o dono da verdade de me falar o que é ser profissional? Profissional é fazer o negócio acontecer, pelo menos pra mim sempre foi assim. Desde as antigas festas do Suvaco, até os shows de punk que você e as outras pessoas da cidade fazem, a minha visão de profissionalismo é essa. Eu sempre vi dessa forma e toda vez que eu vou ou participo de "eventos profissionais", mais eu gosto das coisas menores e feitas por pessoas e não por marcas ou grifes. A maior dificuldade no meio disso tudo ainda é conseguir um lugar pra fazer sem precisar recorrer às casas noturnas. Nada contra casas noturnas, só que pra gente não faz sentido transformar tudo em balada ou festa ou qualquer coisa do tipo. A nossa dinâmica, enquanto Propósito, é construir sem se adaptar à fórmulas prontas.
2. Recentemente você tocou com o Diversões Eletrônicas no Bananada, evento de dinâmica completamente oposta à que a gente vê nas Sessões. Como você vê essa cultura de festival e quais as lições - vantagem, desvantagem - tiradas dessa experiência?
Festivais sempre existiram, de todos os
vieses possíveis, e sempre vão existir. Até porque existe muita gente fora do
circuito neoliberal/governo fazendo as coisas do modo como acredita e em tudo
que é canto. No caso do Bananada, pra ser mais específico, de certa
maneira veio até como surpresa. Eu não posso falar por eles (Diversões
Eletrônicas), mas acredito que todos ficaram tão surpresos quanto eu. De
certa maneira a gente toca no que a gente faz, então sempre que rola uma possibilidade
diferente dessa é legal. As vezes pode ser uma bosta, o que não foi o caso, mas
é através da experiência do fazer que nós vamos saber. Sem falar também que tem
coisa que já da pra saber que não tem nada a ver desde o começo, então é só
sincero com você mesmo e pronto. O show no Bananada foi divertido pra caramba,
um set de 30 minutos ininterruptos, tudo alto, falando bonito, chegando bonito
pra gente. Não teve desvantagem, até os dj set no camarote caíram bem (to
zuano, enchia o saco na hora de buscar bebida, mas era o de menos).
Esses eventos grandes, no geral, tem uma
dinâmica diferente da que a gente tá acostumado a vivenciar, mas saber
coexistir também é importante. Acho que é isso.
3. Quais as pretensões da Propósito daqui pra diante? Shows aqui ou fora, lançamentos, etc.
É como diz aquela música do Curtis Mayfield que eu vivo repetindo:
"Continue to give, continue to live For what you know is right"; "We just keep on keeping on".
"Continue to give, continue to live For what you know is right"; "We just keep on keeping on".
Mas,
falando do que estar por vir, tem um disco meu com o Marco Túlio (Desassossego)
que a gente tá terminando e vai sair em formato físico, daqui pouco tempo. O
Diversões tamo na cola pra gravar. O MDFD (Máquina de Fazer Desgraça) deve vim
logo também, pelo menos em gravação caseira, do jeito que der. O Bruno
Rigonato, the samurai, the illest, se ele topar vai soltar alguma coisa
também.
As Sessões devem continuar, principalmente com a trinca daqui. O
Efeito Horizonte, do Daniel Marques, tava faltando só umas capas, que eu tava
sem grana pra pagar, mas agora rolou e vou mandar logo pra ele começar a vender
lá pela região de São Paulo. Daqui a poucos dias deve estar na mão dele. Teve o
lance da Hy Brazil Vol 5, do Chico Dub, que foi legal. Tamo vendo uma
residência em São Paulo pra novembro. O Clube Meredien é só alguém colar lá em
casa com um tempinho de sobra que nós gravamos. Alguns shows com o pessoal de
fora também devem acontecer. E de resto é buscar a evolução.
Tenho que agradecer todo mundo que me ajudou e ajuda a fazer
essas coisas. Pedro Marques, você, Marco Túlio, Bruno Rigonato, Bruno Ribeiro,
Estúdio Ilha, Marcos Gerez, Guilherme Granado, Rogério Marttins, Baoba S.C,
Luciano, Fred (pelas ideias e conversas), Angela (Brava), Mau, Mujique, Pettra,
Catchup (maionese e mostarda), Tonim (baixista), Segundo, Rustoff, Thiago
Xavier, Zargov, Narrira, Israel e todo mundo que cola e ajuda.
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