terça-feira, 22 de julho de 2014

Entrevista: Pedro Rabelo (Bang Bang Babies, Dees Grace Combo, Mandinga Records).

Seguindo a perspectiva de retratar o que de relevante o subterrâneo goianiense oferece, hora e vez do Pedro, vocal e guitarra do Bang Bang Babies, protagonista do promissor trio interestadual Dees Grace Combo e recém proprietário do selo Mandinga Records. Radicado nos confins do que por aí chamam de Garage Rock, Pedro divide suas funções com a profissão de jornalista frustrado, com o Atlético Clube Goianiense (o mais querido dos goianos, a locomotiva rubro-negra), além de cafezeiro dono de posses em bairros nobres da capital. Ssegue:


01. Passa aí o relatório completo da Mandinga Recs. Quem ~idealizou~, quem cuida, por que foi criada, quais os possíveis próximos lançamentos e quem mata e quem morre em mais essa empreitada de sucesso pra anti-indústria fonográfica goianiense.   

A Mandinga está surgindo agora, com o lançamento do novo 7” do Bang Bang Babies, mas é uma ideia que eu já vinha matutando faz algum tempo. Na real o lance é bem pessoal e despretensioso, surgiu mesmo pela carência de um selo que lance materiais desse tipo por aqui, juntando também a vontade de fazer algo diferente e sair do marasmo. Na verdade eu assumo as rédeas , mas conto com o help dos colegas de banda e alguns outros amigos, que ajudam desde produção do material gráfico até a montagem “mão-a-mão” dos discos. A ideia inicial é lançar  apenas 7” de bandas mais ou menos  nesse estilo weird/garage/punk, o que não chega a ser uma regra, na real. O lance é fazer coisas legais e diferentes do que costumamos ver por aqui. Tudo isso sem muita pretensão, o negócio vai fluir de acordo com as possibilidades. A Mandinga também pretende produzir alguns eventos esporádicos(chegamos a fazer algumas edições de uma festa chamada “Primitive Rock”, trazendo pra Goiânia bandas como Human Trash, Black Needles e Golden Jivers), mas fazer shows não é a prioridade, ainda mais porque a cidade não da muita abertura pra bandas do estilo, o público é limitadíssimo e é sempre muito complicado trazer bandas de fora. Posso adiantar que o próximo lançamento será o 7” do Jazz Beat Committee, banda que conta com gente de São Paulo, Santa Catarina e do Uruguai, o som é meio que um garage/no wave bem classudo.       

                

02. Numa resposta do Ian Mckaye publicada no Não Devemos Nada a Você ele diz o seguinte: “As pessoas dizem: “vocês complicam tudo!”. É bem assim. As pessoas nos vêem e é como ver um cara na estrada numa carroça. “Por que ele tem um cavalo e uma carruagem? Por que ele não usa um carro?”. Existe uma razão.”
Bom, no trajeto do Bang Bang Babies já rolaram lançamentos em cd pela Monstro, um 7" pela Tosco Brasil e agora um novo 7" pela Mandinga, ou seja, tudo saiu da mão dos outros pras mãos de vocês mesmos. Vocês estão optando por cavalo e carruagem ao invés de um carro? Quais as vantagens e desvantagens disso?

Bela analogia! Quem quer  andar  rápido demais pode acabar se frustrando. É isso que eu venho observando na cena independente atual, todo mundo seguindo fórmulas  e clichês para serem bem aceitos, é fácil perceber que pouquíssimas dessas bandas duram mais que 2 ou 3 anos. O Bang Bang Babies tem quase 10 anos e seguimos fazendo as coisas do jeito que a gente quer. Temos tocado pouco em Goiânia nos últimos anos,  meio que por conta disso, mas ao mesmo tempo a gente já tem as manhas de fechar alguns shows e mini turnês fora do estado sem ter ninguém por trás. O fato de a Mandinga existir não significa que a gente não queira lançar por outros selos, a ideia agora é manter o diálogo com pessoas que entendam a onda, seja dentro ou fora do país.

 03. Se não for te dar muita canseira, queria que traçasse um panorama sobre o que de relevante tem aparecido nessa infinidade chamada Garage Rock a nível de Brasil, atualmente. Bandas, shows, selos, discos, produtores, etc. No mais, fico agradecido pela paciência e te deixo à vontade pra falar o que quiser. 

No meu entendimento, o termo “garage rock” tem como ponto de partida a liberdade pra fazer o som da maneira que a banda bem entender, podendo mesclar o som primitivista com  outros estilos como punk, blues, surf music, fuzz sessentista e por aí vai. No Brasil existem várias bandas legais fazendo isso, existe meio que uma ajuda mútua entre quem faz esse tipo de som, mas os espaços e oportunidades ainda assim são pequenos. É difícil circular e lançar material, por isso algumas bandas fazem isso fora do País. Vale ressaltar o trabalho de selos/produtoras como a Mamma Vendetta, Mondo Crasso, Projeto Zoombilly, Dance Like Trash, Wildstone Productions, Trash Can Records, e outros que não to me lembrando agora.  Existem bandas boas por todo país que é até foda ficar citando , mas é só dar uma pesquisada, que com certeza uma banda vai levando a outra.