No dia 16 de março, sábado próximo, acontece
mais uma edição - a segunda, de dois finais de semana consecutivos - do projeto
No Tapete. Idealizado pelo homem-bom
Bruno Abdala e mais uma vez sob a custódia espacial do Estúdio Ilha, a festa já
é um marco pro pouco difundido experimentalismo musical na minha-sua-nossa
Goiânia. Do ano passado pra cá já tivemos o privilégio de ver expoentes como as
trincas MarginalS e M. Takara 3, além
dos solos Guilherme Granado, M. Takara e Zomes; nesta próxima, teremos Carlos
Issa e seu Objeto Amarelo, e é sobre isso que eu quero falar.
Tive meu primeiro contato com o Objeto no
Goiânia Noise de 2006, ainda com uns 15 ou 16 anos. Tava engatinhando os primeiros
passos com o hardcore/punk, oscilando entre a então no “auge” Mukeka di Rato, e
ansioso pela primeira experiência ao vivo com o Ratos de Porão. Com uma
programação variada e sob o módico preço de 5 reais, o Noise daquele ano abriu
as portas do Jóquei e me deu de presente tanto a velocidade e peso que
procurava, quanto o minimalismo e abstrato sonoro que eu mal sabia existir: num
dado momento da noite, muito por acaso, entrei no espaço interno e destinado
pras bandas “menores” e deparei com aquele caos sonoro fundido à projeção de
imagens desconexas ao fundo. Era tudo meio embaçado com um sujeito agachado
mexendo em trambolhos e relativamente pouca gente vendo. Fiquei meio bobo,
encostado na grade tentando traduzir a informação, mas os direcionamentos da
cabeça não me permitiram compreender a dinâmica; saí dali poucos minutos depois,
resmungando qualquer coisa.
De lá pra cá foram 7 anos, e é incrível como nossas percepções mudam, evoluem, ou
simplesmente passam a compreender as coisas por elas mesmas. Chego à conclusão
que não é necessário traduzir ou procurar sentido demais em algo como o Objeto
Amarelo, erro cometido por mim naquela noite; nada mais é (e não que isso seja
pouco) que uma manifestação do exercício do fazer, personificação de ideias que
surgem e pedem passagem. Despretensioso que seja, existe uma magia surreal por
trás disso, verificada em nada mais que alguém se sujeitando a experimentar mil
e uma possibilidades com seus apetrechos. O produto da dedicação sincera
encanta.
Aprendi com o tempo que pra esse tipo de show o rumo é tomar um foco qualquer como alvo, e descarregar a cabeça numa eterna celebração ao nada, deixando o espírito se elevar pelo ruído ao invés de se perguntar o porquê ou buscar estrutura onde não tem. É uma experiência e tanto, desde que, claro, você queira que seja.
Aprendi com o tempo que pra esse tipo de show o rumo é tomar um foco qualquer como alvo, e descarregar a cabeça numa eterna celebração ao nada, deixando o espírito se elevar pelo ruído ao invés de se perguntar o porquê ou buscar estrutura onde não tem. É uma experiência e tanto, desde que, claro, você queira que seja.
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